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A pré-história da mente

Contemplar o desenvolvimento da minha prole tem sido, de muitas formas, tão útil à minha busca pela pré-história da mente quanto os artigos e livros que li na última década. Certa vez, quando meu filho Nicholas tinha quase três anos de idade, estávamos nos divertindo com seu zoológico de brinquedo e perguntei se ele queria colocar a foca no lago. Seus olhos fixaram-se por um instante no animal e a seguir ele me olhou brevemente, em silêncio. “Sim”, respondeu, “mas na verdade é um leão-marinho”. Ele estava certo. Eu posso ter confundido os bichos, mas meu filho possuía um conhecimento meticuloso dos seus animaizinhos. Bastava ensiná-lo uma vez e a diferença entre tatus, porcos-da-terra e tamanduás ficava logo embutida na sua mente. (…)

(…) o que eu achei provocante quando meu filho declarou que “na verdade é um leão-marinho” não foi o fato de ele estar certo, mas de ele estar fundamentalmente errado. Como pode ter pensado que era um leão-marinho? Não passava de uma pequena peça de plástico laranja. O leão-marinho é molenga e molhado, é gordo e tem cheiro. A peça de plástico era todas essas coisas – mas apenas na sua mente.

Livro: A pré-história da mente
Autor: Steven Mithen
Páginas: 56 e 59

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