Béla Fleck and the Flecktones é uma banda que marcou muito minha pós adolescência e gastei todas as músicas que tinha por vários anos. Descobri a banda através dos trabalhos solo do baixista Victor Wooten e o tipo de som me chamou bastante a atenção.
O banjo tocado por Béla Fleck foi a primeira coisa que saltou aos ouvidos, nunca tinha escutado uma música com banjo, eu acho. As músicas são uma viagem completa com temas e melodias muito cativantes sempre gerando uma sensação de estar sendo absorvido pela música.
Nunca imaginei que fosse vê-los ao vivo algum dia!!! Depois de ler a notícia de antemão no Desertores da Escada garanti a presença no último dia 20 de março de 2006, onde eles fizeram duas apresentações no Auditório do Ibirapuera.
O show foi muito bom desde as lindas melodias às pirações de cada músico durante o espetáculo! Aqui vão alguns comentários:
Victor Wooten

O que sempre me surpreendeu nele foi a riqueza das levadas do baixo, e nesse show não foi diferente. Sempre muito bem montadas para marcar o ritmo e realçar as melodias da música nos momentos certos. Queria eu ter esse repertório rítmico e harmônico para criar as minhas… :-). No entanto, achei que suas improvisações durante os solos de baixo de algumas músicas ficaram um pouco “sujas”, muitas notas, muita técnica e pouca efetividade em passar o recado. Como assim?
Num improviso, o músico utiliza o ambiente (outros músicos, platéia, luzes, sons, pensamentos?) para criar sua linha, e normalmente existem algumas restrições como o campo harmônico da canção. Portanto improvisar não é fazer qualquer coisa, e sim inventar dentro de determinado contexto dinâmico! E o que eu senti que faltou um pouco ao Wooten, em alguns momentos durante seus improvisos, foi justamente incluir-se no contexto da música…
Agora, a primeira música solo dele foi impecável! Nenhum exagero, nem nota embolada. Esse solo foi um dos primeiros que ouvi dele, e ainda tenho gravado em fita cassete, sempre ficava tentando descobrir como ele tocava aquilo, e nunca consegui, até ver o vídeo!!! Foi muito bom, assim como o segundo solo, com o FutureMan, que foi mais funkeado e com um final completamente alucinante!
Béla Fleck

Quando estou tocando alguma música sozinho, sem metrônomo, fico viajando, passeando entre os temas, voltando, experimentando novos ritmos, notas, volto ao tema, mudo… Achei muito legal, pois sua música solo passou justamente essa sensação! Ficou improvisando dentro de um teminha e depois viajando nas melodias complexas do banjo, na qual ele é fodão! Até fez coisas que só se faz na intimidade do lar como tocar com o nariz… hehe.
Futureman

Conhecido por sua invenção denominada de “The RoyEl”, um drumitar (drum+guitar, e aqui sinto que é impossível não fazer um paralelo com o brasileiro Tony da Gatorra, inventor da Gatôrra) que seria um sampler sofisticado em forma de guitarra, sempre foi um ponto polêmico da banda. Alguns o consideram um gênio, outros nem tanto.
Na minha opinião acho suas levadas legais, pois são bastante livres e versáteis, indispensável para o estilo musical da banda. Talvez a ausência de um baterista convencional tenha sido determinante para a formação do estilo atual do Béla Fleck and the Flecktones.
Não consegui, no entanto, decifrar os seus improvisos. Talvez seja um pouco aleatório e muitas notas ao mesmo tempo. Não gosto de ser conservador com música, mas ainda não consegui sacar qual é a do futureman durante seus improvisos.
Por sua vez considero seu último trabalho solo muito interessante. Denominado “The Black Mozart” é uma homenagem ao compositor Afro-francês (ou seria franco-africano?) Le Chevalier de Saint-Georges.
Jeff Coffin

Esse cara é demais. Improvisos fantásticos e alucinantes sem perder o fio da meada. Além disso, acho sua participação nas músicas sempre inspiradoras, desde as melodias principais até a ambiência e pequenas inserções, que dão o toque de mestre. Seu trabalho solo também é bem legal e pode ser ouvido no seu site ou no myspace.
Agora, será que eles deveriam ser mais contidos na hora de seus improvisos durante os shows? Evitar pecar no abuso da técnica em função do resultado final? Pensei bastante sobre isso e acredito que a resposta seja não!
Um improviso é justamente se arriscar, ousar, deixar a situação levar as notas. Aproveitar aquela situação única para criar algo único, e consequentemente evoluir, descobrir novas melodias, combinações, músicas. Sem a improvisação a música seria estática. É por isso que a música ao vivo nunca vai perder seu valor. Numa gravação é necessário ser meticuloso e criterioso na escolha das notas, mas num show é exatamente hora de experimentar.
Por isso, quem sou eu para ficar julgando coisas tão complicadas como música? O que vale mesmo é o show! E falando em show:
Hamilton de Holanda

Convidado especial do show, o bandolinista simplesmente levantou a galera!
Ele participou de duas músicas, uma delas foi a tão esperada Big Country e mostrou um show de improviso e técnica com uma rítmica fantástica! Ele se inseriu no contexto e se fez muito à vontade colocando a expressão musical brasileira no meio dos gringos, como resumiu bem Daniel Damineli “Não queria comparar, mas foi muito nítido”!
Acho que o Béla Fleck and the Flecktones acertaram em convidar o Hamilton, pois além de enriquecer o seu repertório musical (já altamente diversificado), promoveram um show inesquecível para o público!
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Para ver a cobertura completa do show pelos Desertores da Escada (incluindo fotos, vídeos e autógrafos visite as páginas inacreditível; chamada urgente; afee-fotos!; desertores+fotos; vitáô; autógrafos ; vídeos)
Agradecimentos ao Flávio Yamamoto (Japoneeeeis) por fazer a cobertura e pelas fotos aqui utilizadas.
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